Em Êxodo 25.17-22, Deus está permitindo a adoração de imagens?
“Farás também dois querubins de ouro; de ouro batido os farás, nas duas
extremidades do propiciatório” (Êx 25.18).
Segundo os apologistas do catolicismo romano, o texto em referência
comprova a liberação para a adoração de imagens. Dizem que se Deus
ordenou que se fizessem esculturas de querubins, logo, isso significaria que
eles podem e devem ser adorados. Perguntam: “Por que Deus mandaria
construir aquelas imagens se não fosse com o objetivo de serem adoradas?”.
Um dos mais importantes conselhos que a hermenêutica nos confere, a fim de
nos auxiliar na correta interpretação textual, é que nunca devemos interpretar
um texto sem observar seu contexto. No caso em questão, como Deus poderia
permitir a adoração de imagens, considerando que em todo o contexto bíblico
Ele a proíbe? (Êx 20.23; 34.17; Dt 9.12; Hc 2.18; 1Jo 5.21, etc). Ou Deus está
se contradizendo ou o catolicismo romano está vendo no texto bíblico algo
que não existe (eixegese). Logicamente, Deus não se contradiz, pois sua
natureza é divina e o Senhor não é como o ser humano (Nm 23.19; Is 45.12;
Os 11.9). Resta-nos, então, a segunda alternativa.
É importante entender que não há nenhuma oposição bíblica quanto a alguém
possuir em casa uma escultura, uma obra de arte, e utilizá-la para fins
decorativos. Ou, ainda, quanto a alguém carregar consigo a foto de um
parente. Absolutamente. Mas daí a venerar ou adorar tais objetos há uma
distância abissal e constitui idolatria, o que é terminantemente proibido por
Deus (Êx 20.4,5).
Algumas imagens que Deus mandou confeccionar não tinham por objetivo
elevar a piedade de Israel e tampouco serviam de modelo para reflexão ou
conduta. Eram apenas símbolos decorativos e representativos. Deus mandou
fazer a Arca da Aliança; mandou confeccionar figuras de querubins no
Tabernáculo e no Templo (Êx 25.10-16; 1Rs 6.23-29), além de outros
ornamentos (1Rs 7.15-50). Essas figuras, porém, jamais foram adoradas ou
veneradas, ou vistas como objetos de devoção ou adoração. Se os filhos de
Israel tivessem adorado, cultuado ou venerado esses objetos, Deus, sem
sombra de dúvida, teria mandado destruí-los, como aconteceu com a serpente
de bronze (2Rs 18.4).
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